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Gestão de Resíduos
Saiba como descartar óleo de cozinha corretamente
14 de maio de 2025

Descartar óleo de cozinha inadequadamente pode causar sérios impactos ambientais, desde poluir o solo e a água, a prejudicar os ecossistemas. Felizmente, esse resíduo pode ser reciclado e transformado em produtos úteis, como biodiesel e sabão ecológico.
Neste conteúdo, vamos explorar os efeitos negativos do descarte incorreto do óleo e apresentar soluções práticas e sustentáveis para reaproveitar esse resíduo, promovendo um futuro mais limpo e saudável.
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Impactos ambientais do descarte incorreto do óleo de cozinha
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleo (Abiove), uma família brasileira consome, em média, 4 litros de óleo por mês. Mas não é apenas na culinária que o óleo de cozinha tem grande destaque.
Quando descartado de maneira inadequada, o óleo gera diversos impactos severos para a natureza e o nosso meio ambiente.
Entupimentos e danos à rede de esgoto
Ao ser despejado nas pias, o óleo percorre a tubulação e entra em contato com resíduos de comida, cabelos e outros detritos. Essa mistura forma uma massa densa e gordurosa que adere às paredes dos canos e às caixas de gordura.
O resultado? Entupimentos frequentes, mau cheiro, atração de pragas urbanas como ratos e baratas, e necessidade de manutenções corretivas dispendiosas, tanto em residências quanto nas redes públicas de esgoto.
Além disso, para limpar essas tubulações, muitas vezes é preciso utilizar produtos químicos altamente tóxicos, que, por sua vez, também agridem o meio ambiente.
Poluição de rios, lagos e oceanos
Por serem substâncias imiscíveis, o óleo e a água não se misturam. Quando despejado em pias e ralos, o óleo pode chegar aos corpos d’água e formar uma película oleosa na superfície, bloqueando a entrada de oxigênio e a troca gasosa entre a água e a atmosfera.
Segundo a SABESP, 1 litro de óleo pode contaminar até 25 mil litros de água, afetando diretamente a qualidade dos rios e prejudicando a vida aquática.
Com a redução do oxigênio dissolvido, peixes, crustáceos, anfíbios e outros organismos têm sua respiração comprometida, o que pode levar à morte em larga escala.
Além disso, essa camada oleosa absorve calor e radiação solar, alterando a temperatura da água e impactando a fotossíntese das plantas aquáticas, o que desestrutura ecossistemas inteiros.
Quando o óleo entra em contato direto com os animais, pode se fixar em guelras de peixes e penas de aves aquáticas, prejudicando a locomoção, a respiração e até o isolamento térmico, em casos de aves mergulhadoras.
Os efeitos são silenciosos, mas acumulativos, e muitas vezes irreversíveis para os ambientes aquáticos contaminados.
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Contaminação do solo e das águas subterrâneas
O descarte do óleo de cozinha diretamente no solo também traz sérios prejuízos ambientais. Ao ser despejado em quintais, terrenos baldios ou diretamente no lixo, o óleo penetra no solo e forma uma camada impermeável, impedindo a passagem de ar e água.
Isso compromete a respiração das raízes e torna a terra improdutiva para o cultivo, além de afetar a microfauna do solo.
Com o tempo, o óleo pode infiltrar-se e alcançar os lençóis freáticos, contaminando águas subterrâneas que abastecem poços, nascentes e até sistemas de distribuição de água potável.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a poluição de aquíferos e nascentes por resíduos domésticos, como o óleo de cozinha, é uma das principais ameaças à segurança hídrica nas próximas décadas.
Além de comprometer a biodiversidade, a contaminação do solo e da água exige altos custos em tratamento, recuperação e manutenção de áreas degradadas, um problema que pode ser evitado com atitudes simples no dia a dia.
Como descartar o óleo de cozinha e o reutilizar da melhor forma
O óleo de cozinha usado não precisa ser um problema ambiental, ele pode ser a solução. Em vez de descartá-lo no ralo, no vaso sanitário ou no lixo comum, é possível adotar práticas simples e sustentáveis que evitam a poluição e ainda contribuem com a economia circular.
Ao ser reutilizado corretamente, o óleo ajuda a reduzir os danos ao solo e à água e pode ganhar uma nova vida na forma de produtos como sabão caseiro, biodiesel e até velas artesanais.
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Reciclagem do óleo para produção de Biodiesel
Uma das formas mais sustentáveis e eficientes de reutilizar o óleo de cozinha usado é na produção de biodiesel, um combustível renovável e menos poluente.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o biodiesel pode ser produzido a partir de óleos vegetais, como o de soja ou de cozinha usado, além de gorduras animais.
O processo de transformação do óleo usado em biodiesel é chamado de transesterificação, uma reação química que converte os triglicerídeos presentes no óleo em ésteres metílicos (o biodiesel propriamente dito) e glicerol (um subproduto que também pode ser reaproveitado na indústria).
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o Brasil produziu mais de 6,5 bilhões de litros de biodiesel em 2022, sendo parte dessa produção oriunda do reaproveitamento de óleo usado.
Esse combustível pode ser utilizado em veículos com motores a diesel, máquinas agrícolas e geradores de energia, ajudando a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, especialmente o CO₂.
Além de reduzir a poluição causada pelo descarte inadequado do óleo, o uso desse resíduo como matéria-prima contribui para a diminuição da dependência de combustíveis fósseis e incentiva a economia circular, transformando um resíduo doméstico em recurso energético.
Produção de sabão ecológico
Descartar óleo de cozinha pode ter uma alternativa sustentável e acessível para o reaproveitamento, é a produção de sabão ecológico artesanal. Além de evitar que o resíduo vá parar no meio ambiente, essa prática promove o consumo consciente e reduz o uso de produtos industrializados com alto impacto ambiental.
O sabão ecológico é feito a partir da mistura de óleo de cozinha filtrado, soda cáustica (hidróxido de sódio) e água.
Essa combinação passa por um processo químico chamado saponificação, no qual os triglicerídeos presentes no óleo reagem com a soda cáustica, formando o sabão e o glicerol.
O resultado é um produto biodegradável, com menos aditivos químicos do que os sabões convencionais, que costumam conter fosfatos e derivados de petróleo, substâncias que, quando vão para os rios, podem causar eutrofização e desequilíbrios nos ecossistemas aquáticos.
Segundo a cartilha da Sabão do Bem, iniciativa voltada à educação ambiental em comunidades, 1 litro de óleo usado pode render até 4 quilos de sabão ecológico, o suficiente para substituir dezenas de embalagens de sabão industrial.
Além disso, o sabão artesanal pode ser utilizado em diversas funções do dia a dia, como na limpeza de pisos, utensílios domésticos e roupas, contribuindo para a redução de resíduos plásticos e embalagens.
Essa solução também gera impacto social positivo: em diversas regiões do Brasil, ONGs, cooperativas e escolas promovem oficinas de sabão ecológico como forma de geração de renda e educação ambiental.
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Produção de velas artesanais com óleo usado
Transformar óleo de cozinha usado em velas artesanais é uma forma criativa e sustentável de reaproveitar esse resíduo doméstico, que frequentemente é descartado de maneira incorreta.
Além de reduzir o impacto ambiental, essa prática pode gerar economia, decoração e até fonte de renda.
A produção das velas ocorre por meio de um processo simples: o óleo usado é filtrado (para remover resíduos de alimentos), aquecido e misturado com parafina vegetal ou cera de soja, além de corantes ou essências naturais, quando desejado.
O óleo reciclado funciona como agente combustível da vela, substituindo parte dos componentes derivados de petróleo que geralmente compõem as velas convencionais.
De acordo com o projeto Óleo do Bem, cerca de 200 ml de óleo usado são suficientes para produzir uma vela de tamanho médio, com tempo de queima semelhante às velas industrializadas. Além disso, o reaproveitamento do óleo evita que ele vá parar na água ou no solo.
As velas artesanais feitas com óleo reciclado podem ser utilizadas em decoração, aromaterapia ou como alternativa de iluminação em caso de emergências.
Também são uma oportunidade para quem deseja empreender de forma ecológica, com baixo custo inicial e apelo sustentável cada vez mais valorizado pelos consumidores.
Essa alternativa reforça a lógica da economia circular, na qual resíduos se tornam recursos e ajudam a construir práticas mais conscientes no dia a dia.
Como armazenar o óleo de cozinha usado
Antes de descartar ou reutilizar o óleo de cozinha, é fundamental armazená-lo corretamente para evitar contaminações, acidentes e facilitar a reciclagem.
Após o uso, espere o óleo esfriar completamente. Isso é essencial para prevenir queimaduras e reduzir o risco de deformar o recipiente de armazenamento.
Em seguida, coe o óleo para remover restos de alimentos e impurezas, o que facilita o reaproveitamento e melhora a qualidade do resíduo para processos como a produção de sabão ou biodiesel.
Use garrafas PET, potes de vidro ou recipientes plásticos recicláveis com tampa, sempre bem vedados para evitar vazamentos e odores. Armazene em local seco e arejado, longe do alcance de crianças e animais.
Evite misturar o óleo com outros líquidos, produtos de limpeza ou resíduos orgânicos. A contaminação pode inviabilizar o reaproveitamento e aumentar o impacto ambiental do descarte.
Por fim, quando o recipiente estiver cheio, leve-o até um ponto de coleta adequado, como os oferecidos por cooperativas, prefeituras ou projetos.
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A importância de descartar óleo de cozinha corretamente
Descartar o óleo de cozinha de forma correta é uma atitude simples que gera um impacto positivo real. Além de evitar danos ao meio ambiente, essa prática contribui com iniciativas sustentáveis, movimenta a economia circular e ainda pode gerar renda e transformação social em diversas comunidades.
Cada litro de óleo que deixa de ser jogado no ralo representa um passo em direção a um futuro mais limpo, consciente e responsável. Faça parte dessa mudança: informe-se, compartilhe esse conhecimento e torne o descarte adequado uma rotina no seu dia a dia.
Com a colaboração de todos, conseguimos transformar pequenos gestos em grandes resultados para o planeta.
Como funciona a coleta de óleo de cozinha com a Ambiental
O óleo de cozinha usado não precisa virar problema. Na área de atuação da Ambiental, ele pode ser descartado corretamente por meio da coleta seletiva ou nos ecopontos com atendimento, disponíveis em diversas cidades.
Em Itajaí, Balneário Camboriú e São Francisco do Sul, a coleta também conta com o apoio do programa Recicla, que disponibiliza pontos de entrega voluntária e promove a conscientização sobre o descarte sustentável.
A orientação é simples: guarde o óleo usado em garrafas PET limpas e bem fechadas. Isso evita vazamentos, contaminações e facilita o transporte até os pontos de coleta.
Todo o material recolhido é destinado a cooperativas parceiras, responsáveis por dar ao óleo um novo propósito.
Com isso, a Ambiental reforça seu compromisso com a gestão responsável de resíduos, promovendo práticas que protegem o meio ambiente e fortalecem a economia circular nas comunidades em que atua.