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Inovação

Biogás de aterros vira energia limpa e renovável

20 de abril de 2022

A imagem mostra uma estação de tratamento de líquidos percolados localizada em uma área cercada por colinas verdes e vegetação densa. A instalação inclui tanques de armazenamento, prédios técnicos e uma estrada pavimentada, tudo sob um céu azul claro.

Ambiental Limpeza Urbana e Saneamento administra aterro que recebe 400 toneladas diárias de resíduos.

Uma estimativa do Ministério do Meio Ambiente aponta que o biogás acumulado apenas nos 56 maiores aterros do Brasil poderia gerar 311 megawatts, o suficiente para abastecer de energia elétrica uma população equivalente à do município do Rio de Janeiro. Mas a maioria dos aterros não aproveita esse gás, ele simplesmente é queimado e desperdiçado. No Litoral do Estado um aterro gera energia a partir do gás da matéria orgânica em decomposição.
Os caminhões chegam sem parar no aterro da Canhanduba, em Itajaí. Em média 400 toneladas de resíduos, diariamente, vindos de Itajaí e de Balneário Camboriú são encaminhadas ao aterro sanitário administrado pela Ambiental Limpeza Urbana e Saneamento.

O tratamento e a disposição final dos resíduos coletados são essenciais para diminuir os impactos no meio ambiente. Por isso, Jurandir José da Silva, gerente executivo da empresa, explica que tudo é feito levando em consideração as leis vigentes. “Tudo é feito o mais perfeito possível. Por exemplo, a disposição final dos resíduos para que não haja contaminação do lençol freático, tudo isso para nós é obrigação de primeiro grau”, explica Jurandir.

Por isso, cada etapa precisa ser devidamente controlada. A primeira delas é onde os caminhões descarregam os resíduos. Neste espaço há o espalhamento e nivelamento dos resíduos e compactação para ter o menor volume possível e melhor aproveitamento da área e assim vão se formando camadas. Cleudimar Griebler, analista de operações e projetos, ressalta que “cada camada está coberta com argila, em torno de 30 cm, onde é feita uma drenagem pluvial com a implantação de calhas pluviais de concreto e, após as cargas pluviais, é plantado grama ou feita a hidrossemeadura para proteger e preservar então a estabilidade dessa argila que foi depositada”.
Essa matéria orgânica que fica em decomposição gera o chorume. Um líquido tóxico e poluente que é diretamente direcionado para a estação de tratamento via tubulação subterrânea. São 360 mil litros por dia, quatro litros por segundo encaminhados para tratamento.

Tratamento pode durar 60 dias

Em enormes tanques o chorume passa por uma etapa de transformação, passando de uma coloração extremamente escura até uma bem clara quando está apto ser lançado no meio ambiente. Um tratamento que pode durar de 50 a 60 dias. “A estação de tratamento funciona, basicamente, com bactérias e o que sobra de material poluente adiciona produtos químicos num sistema de tratamento físico-químico. A gente ainda faz uma desinfecção com o sistema de lâmpadas ultravioletas. Essas lâmpadas têm esse sistema que é mais propício para o chorume porque ele não gera organoclorados, que é um material cancerígeno, então já está dentro de todas as condições legais para ser lançado”, detalha Griebler.

 

Sistema moderno funciona em Itajaí

O aterro funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano. Se o líquido gerado pela matéria orgânica em decomposição ganha a estação de tratamento como destino, os gases que se formam desses resíduos, desde 2014, são reaproveitados. Por um sistema moderno de captura, os gases da matéria orgânica em decomposição no aterro são aspirados para a usina de biogás. A unidade instalada na Canhanduba é a primeira usina de geração de energia elétrica a partir de biogás de um aterro sanitário de porte médio de todo o Brasil.
Esse gás produzido pela decomposição é composto, principalmente, de metano, além de dióxido de carbono e traços de outros gases. Ele é 21 vezes mais poluente que o carbono e, para não ser jogado na atmosfera, é aproveitado para fazer energia. São três etapas: aspiração e secagem, filtragem e geração de energia.

 

Usina abastece presídio e bairro

O bairro e o presídio da Canhanduba são alimentados pela usina de biogás. O excedente vai para a estação da Celesc e é distribuído para outras unidades. Um processo rápido, cerca de dez segundos e o gás que foi aspirado do aterro já virou energia elétrica.
Lucas Henrique Machado, técnico eletromecânica afirma que é um processo onde todos ganham. “Ajuda a gente e a sociedade porque diminuiu, por exemplo, cargas da Celesc. A Celesc compra energia de unidades geradoras como hidrelétrica, termoelétrica, usina fotovoltaica e eólica. Então, ao invés dela comprar mais energia, a gente injeta na rede dela”, explica. A capacidade de produção é de dois megawatts, o que pode abastecer 30 mil pessoas. Assim, o que seria queimado e desperdiçado vira uma fonte de energia.
O biogás vem sendo explorado em todo o mundo como um possível substituto para os combustíveis fósseis. No Estado de Santa Catarina é uma iniciativa pioneira que alia o aperfeiçoamento do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, a redução do impacto ambiental e o aproveitamento do biogás, energia limpa e renovável.

 

Veja mais no vídeo:


Fonte: Matéria NDTV publicada no dia 04 de janeiro de 2022, por Karina Koppe.

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